sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

vídeos da primeira reunião em 10/01/11 no BAMBU



Crianças do Futuro - reunião em 10/01/11 na Maromba/Itatiaia/RJ (1 de 3)




Crias do Futuro (2 de 3)




Carmem Flores C. canta na reunião CRIAS DO FUTURO (3 de 3)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Nova Mãe e a Nova Criança

texto publicado na revista AmaE&Brincar número zero doze (janeiro 2011)
www.amarebrincar.blogspot.com

A NOVA MÃE E A NOVA CRIANÇA

Conferência apresentada pelo Dr. Gaiarsa no Encontro Mundial da Organização
do Instituto para o Desenvolvimento do Potencial Humano, realizada
em Filadélfia (EE.UU.) no mês de maio de 2.009.

Senhoras e Senhores – ou antes: meus amigos e aliados em nosso amor pela criança, e em nossa esperança de contribuir para a formação da uma Nova Humanidade.
Porque no Prefácio do livro“Biografia da Terra” (National Geographical Ed.) se lê: “É o Planeta que necessita de nós para que o salvemos – ou é ao contrário?”

“Quem pode ter nascido em Nazaré?” – perguntavam os orgulhosos Fariseus referindo-se a Jesus Cristo.
A Educação tão nova proposta pelos Institutos nasceu do vosso amor pelas crianças com lesões cerebrais!
De vossa compaixão.
Pelas crianças e suas mães.
Sentistes em vos mesmos as terríveis limitações de corpo e mente das infelizes crianças, o que vos levou a reconsiderar quase tudo o que se pensava na época sobre o Cérebro e sobre a Educação.
Ano após ano de dedicação integral a essas crianças vos levaram à chave da Educação: Educação do Cérebro!
Estimulastes amorosa e persistentemente os seus débeis sentidos. Percebestes e estimulastes seus limitados movimentos, tão logo e tão sistematicamente quanto possível.
Depois disso pode-se ensinar à criança tudo o que nos aprouver e ela aprenderá – com toda a facilidade e com entusiasmo e com alegria.
Descobristes que o cérebro – se adequadamente estimulado - pode ser modelado e pode desenvolver-se até onde jamais se imaginou.
Que o cérebro pode ser...Educado- e não só no Lar e na Escola.
Mas, acima de tudo e certamente não apenas com palavras.
E quanto mais cedo melhor. Três a quatro anos de Idade e o Cérebro já alcançou 90% do volume que terá no adulto, auxiliado por um suprimento de sangue três vezes maior do que o...nosso!
E era tão óbvio! O neo-nato humano é uma grande cabeça (22% do seu peso corporal) de um pequeno corpo, e desde sempre se sabia ou suspeitava de que a Inteligência tem muito a ver com a...cabeça! Como pôde o recém-nascido ser considerado um débil mental que somente muito mais tarde seria capaz de compreender a...sabedoria dos adultos?
Nada disto constava nos 4 ou 5 Tratados de Neurologia conhecidos por mim, em qualquer estudo de Pedagogia (nem nos atuais) e menos ainda no campo da Psicologia (o que me é mais familiar).
Descobristes todas estas coisas e as aplicastes na Educação, contra tudo o que se pensava sobre ela, na família, na escolar, na sociedade.
Na época – digamos, metade do Século XX – a educação, enquanto formação do Caráter e da Personalidade acontecia na Família – e na Religião. Educação verbal e cultural na Escola, a começar aos 5 ou 6 anos de idade (!).
Mas crianças com lesões cerebrais vos levaram para um campo pouco falado em Educação: a educação dos movimentos (Nada a ver com “Educação Física”).
Esta – a propósito - a razão principal do meu amor aos Institutos e à Educação que propõem.
Nada é mais constrangedor do que ver paralisias motoras – seja qual for a causa, a limitação ou a região do corpo.
Considerando o efeito quase mágico da estimulação de músculos (alguém movendo-os no pouco de movimento que ainda restava), em crianças paralíticas, fostes obrigados a reconsiderar – ou a re-valorizar – o que já se sabia mas mal se usava: dois terços do cérebro servem apenas para produzir e organizar nossos movimentos.
Permitam-me repetir: dois terços do cérebro estão ligados a movimentos – em grande parte dirigidos pela visão - sempre que movemos coisas ou nos movemos no mundo.
Como todos os seres vivos são feitos praticamente das mesmas substâncias, desde o começo a Natureza criou a reciclagem: seres vivos vivem de seres vivos. A vida vive da Morte...
A vantagem do movimento para os seres vivos torna-se – assim – mais do que obvia: procurar e encontrar o de que precisam, fugir de predadores e alcançar a presa, afastar-se de ambientes hostis, cuidar e proteger os descendentes, encontrar e lutar para conseguir parceira sexual.
Em suma, o movimento é essencial na “luta pela vida” e na “sobrevivência do mais apto”. É o principal fator da continuação da espécie.
Por vezes os movimentos – muitas vezes complexos (digamos, “luta-ou-fuga”) - precisam ser muito rápidos, o que exclui a participação consciente na escolha ou na decisão.
Então e por isso a motricidade ocupa dois terços do cérebro e como movimentos complexos e rápidos são essenciais para a sobrevivência, nosso Sistema Motor trabalha – digamos – 95% em automático, inconscientemente.
O mesmo com nossos olhos. Claro que vemos o tempo todo, mas para buscar a presa ou fugir do predador, para colher, fazer ferramentas e mais, a visão é essencial.
Por isso nas seqüências modelares do desenvolvimento motor proposto pelos Institutos, são dadas muitas técnicas que favoreçem a convergência ocular – condição para todas as ações conscientes e fundamento da capacidade de “prestar atenção” – “manter o foco”.
Todos estes fatos fundamentais estão fora do campo usual da Educação porque as pessoas – mesmo os profissionais da área – não se dão conta deste complexo mundo da visão-e-movimento.
Estavam fora da consciência social porque a sua importância para a formação da Personalidade era de todo desconhecida.
E ainda é.

Inclusive – ou principalmente! – para a formação da aristocrática Inteligência,
que emerge da relação necessária do movimento/visão – a “carne!” – com o pensamento abstrato a as teorias Cientificas.
Considere a Física – tida como a Rainha das Ciências. A Física não existiria se não tivéssemos músculos - se nosso corpo não dispusesse de um número praticamente infinito de movimentos e se não pudéssemos ter consciência desses movimentos.
A noção de “Força” é fundamental para compreender o movimento do que quer que seja no Universo. Sem músculos jamais compreenderíamos o conceito ou a definição do que seria uma força. Somente após contrairmos e sentirmos efetivamente a força de nossos músculos, e o movimento ou tensão assim produzidas, nos será dado compreender realmente a idéia de força – e a de movimento.
Então - e só então – poderemos pensar em força, abstrair, aplicar e generalizar a noção, a idéia ou o conceito de força – e de movimento.
Imagine se Newton conceberia a noção de gravidade se ele não tivesse a vida toda lutado contra ela a fim de permanecer de pé contra esse eterno puxão “para baixo” – para o centro do Globo Terrestra!
Estes fatos mostram mais uma vez o quanto e quão profundamente somos inconscientes de nosso corpo e de nossos movimentos.
Se estas reflexões são verdadeiras - retornando aos Institutos – desenvolver e organizar movimentos desde o começo, tem muito a ver com a real compreensão do que sejam nossas forças e nossos movimentos - os reais e os intelectuais.
E com a compreensão do Universo.

Agora deter-me-ei naquilo que considero minha melhor contribuição aos Institutos. Procurarei mostrar que a educação motora proposta por eles podem ser o começo da revolução mais radical – e pacífica – jamais acontecida em nossa Historia.
Pela primeira vez hoje uma geração de adultos, ao em vez de seguir o instituído tenta criar uma nova espécie de ser humano. Pondo-se totalmente a serviço da criança descobriram que o esforço era altamente compensador.
Qualquer criança pode se tornar um gênio se receber o que precisa e merece: respeito, plena atenção, conhecimento – e amor.
O respeito talvez seja o mais importante.
Porque todos dizem lindas palavras sobre elas, mas estou convencido de que, no mundo todo, crianças são seriamente mal compreendidas e mal tratadas – e não me refiro apenas aos maus tratos e brutalidades ostensivas, surras, castigos, repreensões iradas.
A historia da “Matança dos Inocentes”, ordenada por Herodes, é para mim a mais perturbadora página da Bíblia, e um espantoso símbolo universal do que se tem feito com as crianças ao longo de toda a nossa Historia – até hoje.
Retornando: considerando que a visão-movimento constitui tanto da massa cerebral é essencial para meus argumentos, passo a rever muitos dados estabelecidos sobre a motricidade, dados que dificilmente serão encontrados reunidos – como aqui.
Ilustrações sobre nossos músculos em Tratados de Anatomia, tanto quanto se diz sobre eles nos esportes, os apresentam como se a unidade de força de nosso corpo fossem aquilo que se vê nos Fisiculturistas: pesadas massas de carne. Se isso fosse verdade, então nos moveríamos como bonecos – ou como Michael Jackson...
O fato é que não temos os 500 músculos descritos nos Tratados de Anatomia.
O que temos são 250.000 (duzentas e cinqüenta mil) Unidades Motoras. Isto significa que nossos movimentos e posições dependem – ou são produzidos –
por esse número de mini-músculos, mini-forças ou mini-vetores.
Essa é a verdadeira Unidade de Força de nossos Sistema Motor: um neurônio “final” cujo axônio termina em um grupo de fibras musculares cuja contração – ou relaxamento - ele e só ele determina. É o único executor de ordens “superiores”.
Algumas U.M. têm apenas 10 a 15 fibras musculares - nos músculos envolvidos em movimentos leves e precisos como nos que controlam os movimentos dos olhos – ou da laringe (voz); outras podem ter centenas até alguns milhares de fibras musculares, como nos grande músculos que atuam nas raízes dos membros, mais estáticos, de suporte.
Com os poucos dados à minha disposição posso dizer que cada U.M. pode exercer força de alguns centigramas até forças de centenas de gramas, de acordo com o número de fibras motoras controladas pelos neurônios motores, e, depois, pelo número de excitações por segundo que esse neurônio é capaz de gerar.
Esse número vai de 0 (zero – repouso) até 1.000 por segundo.
Enfim, a velocidade de condução nestas fibras nervosas é a mais alta do Sistema Nervoso: até 120 metros por segundo.
Depois de considera estes dados – e somente depois de considerá-los – podemos compreender como é possível tocar piano, como os dedos conseguem atingir tal grau de velocidade e precisão na seqüência de movimentos, suavidade ou força na percussão da cada dedo em cada fração de segundo. Ou o fino controle e sincronismo de dedos e braços na execução do celo ou do violino. Ou o controle respiratório exigido pelos instrumentos de sopro. Ou o sincronismo preciso entre o controle de respiração e os complexos movimentos da fonação nos cantores Líricos. (Notar: estes mostram como que ampliados os que fazemos todos ao falar – ou para falar).
Além de tudo o que está aí, algo mais – e muito importante: com técnicas assaz simples de bio-feedback muscular – pode-se mostra que qualquer pessoa, depois de poucas tentativas, consegue controlar voluntariamente a ação de uma só Unidade Motora. Controlar, inclusive a intensidade da contração. Isso quer dizer que é possível controlar voluntariamente a atividade de um só neurônio!
Seria injusto falar de Motricidade esquecendo o Cerebelo. Seu córtex é mais extenso do que o córtex cerebral, como também é maior o número de seus neurônios. E o mais estranho é que sua saída (sua ação sobre a motricidade) – é exclusivamente inibidora (células de Purkinje. Cada uma destas células recebe mensagens de 200.00 outros neurônios!)
“Devagar!” ou “Vá com cuidado!” seria a mensagem do cerebelo: nosso Anjo da Guarda.
Ele é o principal órgão responsável pela difícil função de impedir nossa queda, seja qual for nossa posição ou o movimento que estivermos fazendo.
Equilíbrio! Essa palavra preciosa não teria sentido se não tivéssemos cerebelo.
“Equilíbrio dos opostos” – tema central da Filosofia!
Lembro neste contexto os tantos exercícios ousados e vertiginosos propostos pelos Institutos para serem feitos com as crianças – em várias etapas – a fim de cultivar esta habilidade.
Pessoas ingênuas os considerariam arriscados demais, perigosos - e jamais compreenderiam sua necessidade.
Mas qualquer estudo relativo à motricidade seria gravemente deficiente se não considerasse com vagar nosso sexto sentido - continuamente esquecido: a propriocepção.
É o sentido que nos permite sentir ou perceber, a qualquer momento e em todos os momentos, a posição em que estamos e os movimentos que estivermos fazendo.
As pessoas e mesmo textos escolares o ignoram. Podemos pensar nele como uma vestimenta total de borracha bem justa – só que ela está “por dentro”...
Sabe-se que tendões, ligamentos articulares, músculos e lâminas conjuntivas estão repletas de micro-dinamômetros que informam o cérebro o tempo todo do grau de tensão – constante ou variável - da região onde estão situados.
Este sexto sentido é geralmente ignorado (reprimido?) tanto quanto e pelo mesmo motivo pelo qual somos inconscientes de nossas forças, tensões e dos movimentos que fazemos.
Para nós, “relaxar” significa fazer nada e sentir nada.
Continuamente levados pela necessidade de fazer, de agir, de controlar, mal percebemos os muitos movimentos necessários para a realização de tudo o que estamos fazendo.
Por isso, dizer que nós podemos sentir o relaxamento soa estranho para quase todos.
Boa imagem para compreender a sensação de relaxamento nos é dada pelas grandes aves planadoras. Elas voam sentindo nos músculos peitorais as variações das próprias “quedas” em função da sustentação variável do ar.
Voam controlando o relaxamento!
Por isso talvez sejam tão inspiradoras: voam sem esforço – Anjos!
Acredito que parte importante da inconsciência do hemisfério direito do cérebro tenha essa origem: inconsciência dos movimentos, de sua força e de seu relaxamento.
A Inconsciência coletiva pode atuar sobre o cérebro tanto quanto lesões cerebrais.
Se ninguém diz que existe, então não existe.
Retornado às ações, um comentário melancólico: quanto usamos, cada um de nós, dessa riqueza de movimentos?
Considerando o incrível número de mini-forças que movem a exótica estrutura mecânica de nosso esqueleto (200 ossos!), podemos dizer que nossas possibilidades de movimento são infinitas.
A Mitologia Hindu reconheceu esse fato. Uma bem conhecida Deidade de seu Panteon, Shiva, ligada a sua consorte Shakti, dança eternamente a criação e a aniquilação de todos os mundos.
Cada atitude permite supor um mundo e mudar de atitude representa mudança de mundo...
Assaz estranhamente, Shiva dança sobre um só pé que se apóia em um elefante!
A figura (estatueta) talvez queira se referir ao equilíbrio perfeito – igual estabilidade do elefente
Recordo mais uma vez os exercícios vertiginosos propostos pelos institutos...
Complementando Shiva, temos as muitas e exóticas posições forçadas das várias escolas de Ioga. Talvez se destinem a levar as pessoas a experimentar
extremos de posições e de movimentos, a fim de que as pessoas os percebam e usem para se mover com mais liberdade e versatilidade no cotidiano. Bem poucas pessoas gozam desta liberdade.
Talvez por isso os problemas com articulações sejam tão freqüentes entre nós – artrites, artroses, reumatismos, problemas com a coluna vertebral.
Certamente resultam da limitação de movimentos, sempre os mesmos e mal organizados.
Uma lista sintética dos mil movimentos que podemos realizar: todas as danças, todos os esportes, todas as artes circenses, todas as lutas.
Em especial: podemos imitar os movimentos de grande número de animais – o que eles jamais farão.
Talvez por isso esperamos compreender tudo, porque tudo é forma, força e movimento...
Apos esta revisão das aptidões do cérebro motor e visual, estamos em posição de compreender o que me parece ser a Tragédia da Humanidade, tragédia que o tipo de educação desenvolvido pelos Institutos pode evitar, criando pessoas genuinamente livres, autônomas e bem individualizadas.
(Não confundir pessoas “bem individualizadas” com pessoas individualistas).
Ao longo dos dois terços de minha vida – como terapeuta e como pessoa do mundo – fui me impressionado – e ficando triste – com dois fatos gerais: as pessoas são muito infelizes e a Humanidade é sempre a mesma – e péssima: guerras, guerras, guerras, Poder, Poder, Poder, opressão, desigualdade, exploração, orgulho e preconceitos.
Porque tal forma de viver social tão péssima continua a mesma – desde o começo (há 10.000 anos Assíria, Babilônia...até Hitler, Stalin)...
Criticas e soluções ideais – ou racionais – foram propostas, muitas, com efeitos bem limitados.
revoluções, todas tão sanguinárias, foram sucedidas por outras tiranias tão parecidas com aquelas que pretendiam destruir?
A razão é bem clara, mas pouco condizente com o que se diz da Família, da Normalidade e de Nossos Sagrados Valores Tradicionais. Por isso coletivamente rerprimida.
Os adultos continuam a crer que são “adultos” e “normais” enquanto as crianças são uma coisinha fofa que não sabe nada, de todo dependentes e que precisam ser “Educadas” para se tornarem tão normais como nós acreditamos ser.
A Historia se repete porque o cérebro tem o comando de todos os movimentos, geralmente guiado pelos olhos. O cérebro foi feito para imitar, para fazer como ele vê ao seu redor, para adaptar-se ao ambiente.
Porque seria? Porque a natureza não discute qualidade. Se as pessoas em torno da criança estão vivas, fazer como eles fazem é bom – é viver. Para a Natureza, um verme é tão bom quanto uma borboleta – desde que sobrevivam.
E esta imitação é o principal de tudo o que acontece nos 5 primeiros anos de vida, e poucos se dão conta de que é nesse período que acontece é 90% da “educação”.
É o limite da cegueira social.
Levados e limitados pelas palavras, as pessoas acreditam que a criança fará conforme o que eles lhes dizem, como ordenam – ou punem.
E quando a criança começa a se mexer com certa liberdade, os adultos próximos ficam preocupados.
E assim as crianças fazem como vêm as pessoas fazendo ao seu redor. E assim elas se tornam “normais” (por imitação) quaisquer que sejam as palavras, os conselhos e os sermões que lhes são feitos.
E assim e por isso a Humanidade continua parecida – há 10 mil anos.
Uma vez “formadas” pelas imitações inconsciente (visuo-motoras) até os fatais 4 ou 5 anos de idade – será difícil demais mudar seus hábitos, sua personalidade, porque eles dependem 90% de complexas estruturas motoras
(atitudes, posturas, comportamento, comunicação não-verbal).
A propósito: O “Comportamento” é uma soma muito complicada de movimentos, posições, gestos, faces e palavras, mas todos esses elementos essencialmente motores do...comportamento, são omitidos e substituídos pela palavra mágica:comportamento.
Comportamento se torna...uma palavra!
Permitam-me repetir: nosso Sistema Motor – nossos movimentos – são muitos, muito complexos, tão finamente entrelaçados e automáticos que, uma vez estabelecidos, torna-se por demais difícil mudá-los.
Aos 5, 6 ou 7 anos de idade torna-se claramente visível que a criança – tão viva até então – está começando a se tornar um “adulto”. Perde a graça, a espontaneidade e a liberdade de movimentos, perde a curiosidade, perde sua disposição de fazer experiências, perde seu riso e sua alegria fácil.
Começa a se tornar um pequeno adulto: um garoto bem comportado.
Por isso me apaixonei pelos Institutos.
Acredito – é minha Fé – que se “educarmos” com cuidado, continuamente, sistematicamente e desde o começo o aparelho locomotor, desenvolver-se-á, na criança uma personalidade tão bem constituída que sua tendência a imitar os próximos não terá sentido.
Ele será ele mesmo em um sentido bem concreto. Na bela expressão hindu, um “Swami” – “Senhor de Si Mesmo”.
A razão profunda desta esperança é clara: nenhuma imitação – seja lá de quem for - será mais eficiente para mim do que as atitudes corporais cultivadas em meu corpo (em meu cérebro) tão cuidadosamente, passo a passo, ao longo dos críticos 5 primeiros anos de vida. Nenhuma imitação poderá ser tão eficiente como a minha maneira própria de me mover e de parar de pé.
É a verdadeira maneira de cultivar a individualidade. Cada um tem sua maneira de se mover.
È a hora de chamar vossa atenção para um fato obvio e muito estranho que prece ter passado desapercebido de todos
(É outra versão do Drama já considerado).
Com tantas possibilidades de movimento, o fato é que as pessoas move-se bem pouco e quase sempre dos mesmos modos. Com algum exagero: movem-se como bonecos...
De acordo com os dados citados, eu diria que as pessoas dificilmente usam mais do que 10% de sua capacidade e liberdade de movimentos.
E – pior ainda – parece que a Educação de modo gradual, mas implacável, consiste em limitar gradualmente a liberdade de movimentos da criança até levá-la a ser a criança “bem comportada”.
O boneco!
Após estes reparos sobre o óbvio, qual será o sentido das sagradas palavras Liberdade? Independência? “Sei o que eu quero”?
Na corte chinesa tradicional, qualquer movimento descuidado tornava-se suspeito. A uniformidade do ritual era a garantia da segurança.
Será que entre nós é muito diferente?
Dizendo de outro modo: com esse enrijecimento de corpo e restrição de movimentos – o que será que estamos segurando – ou impedindo?
A resposta é assaz clara. Freud nos falou de repressões – mas não falava do corpo. Mas Reich (Wihelm) mostrou clinicamente que “reprimimos” ou contemos nossos desejos proibido, nossa raiva proibida ou até nossos amores proibidos, nos segurando como se outra pessoas estivesse nos segurando, nos impedindo de fazer o que pretendíamos.
O que é verdade, porque a mais sombria intuição que tive em minha vida dizia assim: todos vigiam a todos para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer...

Vamos relaxar, respirar e mudar de posição.
Agora o tema é outro: respiração, o mais fundamental e contínuo movimento de todos nós.
A respiração é muito mais do que a capacidade aeróbica.
Ela está fundamente ligada à ansiedade – ou angústia – ou medo, a penosa emoção que todos conhecem. A sensação de que estou sempre atrasado...
È muito estranha, na verdade, a enorme diferença de valorização da Respiração np Ocidente e no Oriente.
Entre nós, ela é considerada uma simples função vegetativa como – digamos – a digestão. Mesmo Tratados de Fisiologia deixam de esclarecer três pontos fundamentais em relação à respiração: que ela é realizada pó músculos estriados, é a única função vegetativa que pode ser controlada voluntariamente e, se não fosse assim, não conseguiríamos falar.
Mestres Hindus, no outro lado do Mundo, usando intuição e variadas experiências pessoais, consideram a respiração como a chave para alcançar altos níveis de consciência corporal e instrumental para conseguir desenvolvimentos pessoais de alto nível.
Isso acontece porque controlar a respiração é um meio bastante eficiente de alterar o nível e oxigenação cerebral.
O cérebro consome – dia e noite – 20% d todo o oxigênio inalado, e se alterarmos o volume ou a freqüência respiratória, podemos alterar o nível de oxigenação cerebral.
E esta foi a intuição básica dos mestres Orientais (embora esta não fosse a explicação que deram dos fatos).
O córtex cerebral mal tolera 5 segundo de anóxia (ausência de oxigênio)e acredito que o cerebelo não tolere muito mais tempo, dada a sua complexidade estrutural já comentada.
Baseado em estudos do que acontece quando a cabine de um avião é despressurizada, podemos estabelecer a escala de falência crescente de freegiões cerebrais quando a taxa de oxigênio vai caindo. Quase imediato é o fechamento do campo visual até o black-out (córtex visual). Perturba-se logo a compreensão das palavras ouvidas e a dificuldade de falar coerentemente (córtex verbal). Em seguida vão se tornado difíceis movimentos precisos com as mãos (córtex motor) e se a anóxia continuar a pessoa perde a consciência - e se s estiver de pé, cairá...
Tudo isso pode acontecer em um intervalo que não vai alem de 30 segundos – dependendo da rapidez com que se estabelece a anóxia.
Insistindo: o cérebro é extremamente sensível à falta de oxigênio, mas as estruturas nervosas superiores e mais recentes se ressentem mais do que as filogenéticamente mais antigas, mais simples e de funções mais genéricas.
De qualquer modo, é razoável admitir que todas as estruturas nervosas se ressentem da falta de oxigênio – e em prazos bem curtos.
Minha intenção ao abordar o tema da respiração é sua conexão obvia com a ansiedade (medo inconsciente).
A ansiedade consiste em estar prevenido ou em estar preparado sem contexto exterior evidente.
Quando as pessoas estão preocupadas, atrasadas, impacientes, indignadas, com raiva ou com medo, o corpo se arma automaticamente (“Luta–ou- Fuga”) - prepara-se para agir. Esse “armar-se” consiste em uma hipertonia muscular difusa – inclusive do tronco, é claro. Como os pulmões estão “dentro” do tórax e precisam de sua mobilidade para se expandir (para respirar), as tensões musculares do tronco tornam a respiração difícil, limitada ou de todo impedida.
Dependendo do grau de tensão do tronco e de sua duração, a respiração pode se tornar seriamente insuficiente e – suponho – o cérebro reage à limitação de oxigênio disparando alarmes – que pioram a prevenção – o medo.
As coisa se passam como se a pessoa estivesse sendo lentamente estrangulada – mas por mãos invisíveis!
Deste modo, a situação externa se torna ameaça interna, e a ansiedade se prolonga ou intensifica cada vez mais, em resposta a um sinal persistente que vem do cérebro: alguma coisa está ameaçando a vida e assim! Então e por isso o corpo intensifica sua preparação, restringindo cada vez mais a respiração – em circulo vicioso.
Quando intensa, esta ansiedade – sensação de desastre iminente, de ameaça séria, de medo de morrer é verdadeira!
O perigo, agora real - é a falta de oxigênio para o cérebro.
“O piloto está quase desmaiando” seria a descrição do que a pessoa está sentindo.
A falta de oxigênio para as estruturas nervosas torna difícil a organização de qualquer resposta coerente, ordenada.
O pior de tudo é que as pessoas mal se dão conta da restrição respiratória e se lançam em uma busca frenética de “causas” daquilo que estão sentindo, causas internas ou externas, atuais ou históricas, conscientes ou inconscientes.
É preciso acentuar que as pessoas – em geral – têm uma consciência e um controle voluntário bem limitados dos seus movimentos respiratórios.
Alem disso, a ansiedade é uma emoção tão ameaçadora e absorvente, que bem poucos acreditarão esteja a raiz de seu medo, ou impaciência, na limitação dos movimentos respiratórios .
Em princípio – fácil de corrigir!
Não estou negando a existência de fatores externos ou históricos no desatar de ansiedade. Porem uma vez iniciada - no momento em que a pessoas “se prepara” frente à situação ameaçadora, externa ou interna, real o imaginária; neste momento seu corpo se tenciona e a respiração vai se restringindo – desatando o processo de auto-manutenção.
Se o estado se prolonga ou se intensifica, a ansiedade se torna pânico. Isto é, a hipoxia cerebral é de tal ordem que qualquer ação organizada se torna impossível.
Relembrado: dois terços do cérebro são motricidade! Portanto, o maior consumo de oxigênio se deve aos núcleos motores e sua asfixia desorganiza completamente qualquer reação ordenada.
Repito: esta não é a explicação ortodoxa da Psiquiatria nem da Psicologia, mas lembro ao mesmo tempo que ambas se mostram pouco cientes do papel do corpo – do cérebro – e da motricidade - na determinação dos processo mentais e emocionais...
Recorde-se o que foi dito antes sobre o quanto as pessoas limitam seus movimentos e seguem pela vida contendo-se – “segurando-se”.
Quanto mais as pessoas restringem seus movimentos, quanto mais seus movimentos foram limitados na infância ou são limitados pelo seu ambiente, mais predispostas estarão a sofrer de ansiedade.
Esta longa dissertação sobre a ansiedade tem como finalidade pedagógica acentuar o fato da profunda influência da respiração sobre as funções cerebrais.
E em decorrência, sobre os estados emocionais.
É preciso cultivar nos educandos a sensibilidade para perceber a respiração e as possibilidade de controle voluntário da mesma.
As tradicionais lições da Yoga – Pranayama – podem ser úteis.
Com nossas crianças, que brinquem com a respiração, variando a amplitude e a freqüência dos movimentos respiratórios, percebendo que a respiração se faz de muitos modos, dependendo da posição do corpo.
Não se trata de ensinar a “respirar direito”, do “modo certo”. Não existe um modo certo de respirar. A questão é cultivar a percepção da respiração, a dar-se conta de quando ela se restringe - e de como libertá-la.
Disse Mestre Buda: a “técnica” mais simples para alcançar a Iluminação consiste em manter-se continuamente consciente dos movimentos respiratórios”.
Fácil dizer – difícil de fazer.
Os movimentos respiratórios variam continuamente de amplitude e de ritmo – mesmo que de leve - de acordo com exigência fisiológicas, emocionais, circunstanciais. Mal percebemos estas variações, pois muito da respiração decorre em automático e não somos preparados culturalmente para dar-lhe atenção consciente.
Pagamos por isso em ansiedade: sentimos medo sem saber do que, mas “inventamos” motivos para “explicá-lo”.
Toda a Psicanálise se desenvolveu em torno das “defesas” contra a ansiedade: o que fazem as pessoas afim de não perceber que estão com medo!
A defesa mais comum contra a ansiedade é falar!
Para poder falar temos que respirar – para produzir o som; mas ao mesmo tempo temos que limitá-la afim de que ela sirva para a modelagem das palavras.
Falar é uma “defesa” que se eterniza!
65% das pessoas do Mundo e 92% dos Americanos têm telefones celulares...

Meu título lembra das mães. Glenn elogia incansavelmente as mães de crianças com lesões cerebrais. Sem sua dedicação é pouco provável que os Institutos conseguissem fazer o que fizeram.
Mas atrevo-me a dizer que há uma Velha Mãe e uma Nova Mãe, com influências quase opostas sobre a Humanidade.
As Velhas mães constituem o maior partido político conservador em todos os países do mundo. Todas desejam e fazem o possível para que seus filhos sejam “normais” (no mundo em que vivem) – e, se possível, que sejam bem sucedido. Elas eram (são?) escravas da sociedade autoritária. Preparam dedicadamente seus filhos para serem dominadores – ou submissos; e suas filhas para que continuem a carregar seu pesado dever (de escravas).
As Novas Mães, preparada pelos Institutos, são convidadas a cultivar o desenvolvimento de seus filhos e a crescer junto com eles, na edificação de um mundo melhor – para ambos.
Terminando, devo dizer de meu amor platônico e de minha amizade e admiração pela Mãe e pelo Pai da Nova Criança - Janet e Glenn Doman.


Este texto, em inglês, gravado em CD (com imagem) foi apresentado na Reunião dos Associados da Academia Internacional para o Desenvolvimento do Cérebro Infantil, realizada em maio de 2.009, em Filadélfia, ganhando para o Autor a “Estatueta com Pedestal” - a mais alta homenagem que a Sociedade presta anualmente a um autor.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

começo das reuniões em Visconde de Mauá




Primeira Reunião Aconteceu com 9 pessoas.
Rui, Naná, Miná, Marcela, Valentina, Carmem, Anderson, Silvina e Daniel.